10/17/2023

Ensaio Imersão - Memória de Árvore

 Ensaio Imersão – 20/07/23

Tudo que planta, nasce.

Enquanto as folhas viajam secas, uma dança nasce em mim. Tropeço tentando acertar, desvios de trajetórias. Me escondo em mim, desvio o olhar, medo. No casulo me encontro, semente. Na semente a energia para saltar. Me metamorfoseio em sapo, coaxo. Cacho, planta. Afinal não é todo dia que se pare uma árvore. Reflorestamente. Do canto, do toque, células de mim escutam, comunicam, da avó árvore nasce a canção do que está por vir. Agora sim nasce, um novo ser com sua própria música. Nino, encanto. No ninhar do encontro brincamos, imaginamos, descobrimos. Descobrir, desvelar o que de mim há em você, o que de nós forma uma só canção. O que nós trazemos de tempos que nem se quer vivemos, o que nos é só nosso, só seu, só meu, e criamos o nosso tempo. Um pequeno mundo nasce a cada dia. Invento universos. Esqueço os caminhos. Recrio perguntas e respostas. Aprendo a escutar o segredo das coisas. A pedra me conta de que águas a levaram até ali, ela vai, eu fico. Os barcos passam, os passarinhos, passeios, piqueniques, crianças brincam, todos passam, eu fico. Se quem fica sou ou ela. Eu gente, ela planta. Plantamos juntas memórias. Raízes longas e profundas guardam nossos segredos. Desvelados em escutas em um outro, uma ou outra, sete cores, sete pedras, sete encontros. Encontro em mim sete importantes pontos, me organizo, alinho um ponto. Entre saudades, desejos e brincadeiras, apenas vivo o encontro. Tudo o que a gente planta nasce. A semente que não brota vira adubo. E assim me nutro, eu, ela, você. Assim me cuido te regando, da tua sombra respiro, respiro ela, ela respira você. Eu, ela, você, planta, gente, encanto. Para que separar o que tudo um dia foi semente e nasce de um encontro?


Escuto meu coração e deixo ele irrigar meus músculos cansados. Seu pulso reverbera e me move. Silencia a dor. Toco a árvore como quem escuta seu pulso. Topo da cabeça no tronco, pé na terra raiz. O sol acarinha macio o meu corpo. Ventania. Não teve mergulho no lago. Outros mergulhos nascem de diálogos. Mulheres, encontros étnicos, antropológicos. Memórias.


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