10/06/2016

ARTE E EDUCAÇÃO

CONEXÕES EM MOVIMENTO
Por Susana Prado
   
 Esse bloco foi muito especial! Foi o momento que decidimos apresentar nossa semente de espetáculo em 3 creches para termos devolutivas de como estava caminhando nosso trabalho para um espetáculo de bebês.
    Com o primeiro roteiro pronto, pudemos experienciar  e compartilhar nossa dança com os bebês.
    A primeira apresentação ocorreu na creche Canarinho da Asa Norte. Foi um momento mágico poder compartilhar com os bebês nossa pesquisa. Eles ficaram atentos, se manifestaram com olhares, risos, babas, respirações, suspiros e até estranhamento de alguns.
    Todos ficaram exatos 30 minutos, sentados nos assistindo, foi lindo, fluido, uma troca de energia. Foi leve.
    Fizemos alguns ajustes em relação ao roteiro, espaço, e figurino. Fomos então para nossa segunda creche, também na asa norte, Creche Mamãe Canguru. Chegamos na creche e fizemos o espetáculo numa pequena sala ao subsolo com os bebês. Foi um espetáculo completamente diferente: os bebês sentiram-se a vontade para estar ao palco conosco. Foi interessante em termos de pesquisa. Tanto, por ser uma oportunidade de experienciar realmente a interação durante uma aula-espetáculo, e nesse caso , especificamente, veio realmente o desejo da interação com os bebês para além do estado contemplativo. Essa creche e a sensação que tivemos aos apresentarmos lá nos plantou a semente do lúdico, da brincadeira, de uma nova interação baseada no toque e no sensível. Traçamos uma nova poesia dançada.
    Foi, ainda extremamente interessante, pela oportunidade de percebermos a importância da influência da arquitetura, do espaço, da atmosfera e da acústica na aula-espetáculo.
    Muitas creches, temos percebido, não se preocupam com essas questões em relação aos bebês. Também não há consciência quanto à necessidade que os bebês têm de ar livre e natureza para bem se desenvolverem. Os bebês estão completamente ligados à natureza, sentem-se parte dela.
    A possibilidade de levar arte, no nosso caso DANÇA,  às creches significa conectar, dialogar e até mesmo fundir a Cultura e Educação em um só movimento.
    Arte é expressão, é autoconhecimento, é um permitir-se curar de nossas angustias ao mesmo tempo que sente livre para voar em mundos desconhecidos, impossíveis improváveis. É o encontro com o divino na sua mais bela forma de expressão. É de fato educação!

“Mas voltemos às razões por que devemos ensinar artes na escola, conforme Eisner. ao praticarem atividades artísticas, os alunos também aprendem que ‘alegria’, ‘raiva’, ou ‘poder’, por exemplo, podem ser simbolizados pelas imagens, sons, gestos, movimentos e palavras que criam. E que as artes visuais, a música, a poesia, a dança ou teatro são formas de expressão diferentes, mas não inferiores ao conhecimento cientifico,…” Concepções e Práticas Artísticas na Escola, C.M.C. Almeida, In O Ensino da Artes: Construindo Caminhos/ Sueli Ferreira (org.), Campinas-2001.
   
    A terceira apresentação que fizemos foi na creche Maria de Nazaré, em Samambaia Norte. Fizemos duas apresentações, uma para 60 bebês e outra para 60 crianças de 4 e 5 anos. Tivemos o intuito de experimentar como seria a resposta ao espetáculo com crianças mais velhas também, já que nossa pesquisa envolve a primeira infância como um todo.
    A apresentação para os bebês fluiu com muita leveza, ludicidade e boa resposta tanto por parte dos bebês quanto das educadoras. Nessa apresentação pudemos unir a  contemplação pela dança por parte dos bebês e a interação deles no fechamento do espetáculo. Ao fecharmos o ciclo contemplativo, abrimos o espaço com olhares e intenções  para os bebês, rapidamente estávamos dançando com os bebês no espaço cênico. Pudemos, nessa interação, vivenciarmos nosso projeto-oficina Baby Jam, que consiste nos princípios do contato–improvisação. Uma dança que se dá na relação da troca de peso, na escuta do outro e explora a dança pelo toque, pelo contato, pelo chão, pelo som, pela brincadeira e pelo ritmo para libertar o movimento espontâneo em um momento lúdico de improvisação e dança entre bebês e bailarinos.
    A segunda apresentação, com as crianças mais velhas, foi bem intensa. Os sons e os movimentos emanaram muita energia das crianças nos colocando em uma situação de grande atenção. Pudemos perceber que para proporcionarmos o estado contemplativo de uma dança que estrapola os limites cênicos, já que estamos no mesmo nível e plano das crianças, precisamos de muita energia cênica e comando nos olhares e nos movimentos para não perdemos o controle da empolgação das crianças. Tudo correu bem e as crianças não invadiram o espaço, se envolveram profundamente. Uma experiência e tanto!
    Saímos de Samambaia com bastante material para darmos continuidade ao nosso trabalho de ensaios e lapidação. 






   

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